São Tomé, São Tomé e Príncipe, 28, 29 e 30 de julho de 2021

 

Ministro da Agricultura de STP, recebendo o Vozes 2!

Três dias intensos na atividades do curso: quarta-feira, quinta e hoje, sexta. Ontem fomos à campo, em dois lugares. Um deles foi uma propriedade chamada “Terra Batata”, de propriedade de uma Igreja Nova Apostólica –  holandesa. Uma área onde esta Igreja aporta recursos, buscando que sua prática e resultados inspirem outras unidades produtivas a seguirem seu exemplo de agricultura biológica. Uma comunidade rural que fica a uma altitude considerável para a realidade da ilha, cerca de mil metros. 

Café. na Terra Batata.
Em tempos antigos, pertencentes a Roça Monte Café, uma das mais importantes fazendas de São Tomé na época colonial, especializada, como diz o nome, em café. E fomos visitar também a área da família do Sr Antônio. Olha que pujante a natureza e que bonitinho o espaço de comercialização da família. Ele é também produtor de hortaliças. Sobre a foto com cenouras e cebolas: fazer o quê? Se existe demanda tem quem plante, mesmo sendo cultivos pouco conectados com o ecossistema local. Mas… para isso também existe o conhecimento Agroecológico, fazer que esse cultivo exógeno seja o mais elegante possível
. E, no que vi do manejo do Sr. Antônio, ele captou muito bem esse encaixe entre a agricultura inserida na exuberância do trópico úmido com espécies de hortaliças de origens distantes dessa realidade. 

Cebola, cenoura…
Durante o curso, as conversas, palestras e trabalhos em grupo giraram ao redor do objetivo, já comentando no post anterior, de São Tomé e Príncipe vir a ser um país com 100% de sua área agrícola reconhecida como orgânica (biológica, no termo mais usado por aqui). Eu vibro muito com a ideia de um país do continente africano, financeiramente pobre, vir a ser o primeiro a banir o uso de agrotóxicos, adubos químicos de alta solubilidade e organismos modificados geneticamente. Será um luxo, não é?

Pela tarde de hoje, sexta-feira, como atividade final do curso, foi organizada uma mesa redonda entre os alunos e alunas, representantes do poder público e do campo da produção e transformação. Eu, em mais de três décadas de trabalho na área, nunca havia participado de uma reunião nacional, com a presença do Ministro da Agricultura, com o objetivo de converter a agricultura do país, integralmente, à agricultura orgânica. Só para deixar registrado, nos dados de 2019, os últimos que temos, São Tomé e Príncipe aparece com 25% da sua área com cultivos orgânicos, o que o põe como terceiro lugar na lista dos países com maior percentual de área certificada como orgânica.Mesa redonda – STP 100% Bio

No fim da mesa redonda, uma sessão de autógrafos dos meus Vozes da Agricultura Ecológica… se eu gosto? Gosto, muito, de ver essas vozes ecoando por aí…

E, confesso aqui o que confessei de público, na minha fala durante a mesa redonda, cheguei a ficar emocionado. Esse pequeno país é de fato cativante, pela sua instigante história, por seu povo bacana, sua natureza intensa, sua culinária tão saborosa quanto peculiar. Amanhã tem trabalho ainda de manhã, depois pegar meu teste de Covid, que fiz hoje e começar o trecho de volta, no domingo. Mas deve ter tempo ainda de bons papos e boas comidas!

Barbara, amiga de Ifoam, comprando na banca – em frente
à propriedade

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