São Tomé e Príncipe, 11, 12 e 13 de julho de 2019

Tomando vinho de palma com amigos São Tomenses. 
Cheguei em São Tomé, capital de São Tomé e Príncipe, na terça-feira e, como comentei no post anterior, trabalhei quarta e quinta-feira, ministrando um curso. As primeiras duas noites dormi em um hotel simples, mas suficiente, no centro da cidade. Para facilitar a vida. Quinta à tarde aluguei um carro e fui para o Hotel Santo Antônio, em um local mais isolado e que fica a 20 quilômetros da cidade. Da outra vez que tive em São Tomé havia visitado esse local e prometido que se houvesse uma próxima ficaria aqui. Promessa feita, promessa cumprida…

Hotel Santo Antônio

Não lembro de ter estado no paraíso, mas deve ser parecido, em termos de simplicidade sofisticada e conforto.

Ontem, sexta-feira, dia 12 de julho, foi feriado nacional. Decidi então pegar o carro que aluguei e ir na direção de Porto Alegre, cidade mais ao Sul da ilha. O destino final seria a praia Jale, dita por todos como idílica, que o Google me mostrava estar a 60 km.

Trecho da estrada

Fui dirigindo pela estrada, asfáltica, a principal do país. Mão dupla e estreita, sem acostamento. Dos dois lados, plantações de cacau e pimenta do reino. Sempre acompanhadas de banana e fruta pão, mas também vi muita manga, abacate e mais um sem número de árvores. Difícil separar o que é plantado do que cresce espontaneamente, ou o que é cacau sombreado das florestas.

Quase sempre o mar está em um nível bem abaixo da estrada, que é construída à borda das montanhas, subindo e descendo todo o tempo. Algumas vezes descemos mais e o mar surge ao lado, o que permite facilmente descer do carro e tomar um banho, caso se tenha vontade. As praias quase sempre desertas, absolutamente desertas.

Festa da Independência em Caué.

Depois de trinta minutos dirigindo cheguei a Caué, importante município da ilha. Mas não pude seguir viagem… a comemoração principal do aniversário da independência do país era nessa cidade, naquele exato momento, com a presença da Comitiva Presidencial. O que me restou foi estacionar o carro e ver a movimentação. Não cheguei a tempo dos discursos, o que não achei ruim, mas pude ver muita gente nas ruas, roupas domingueiras e clima de festa. Música e barraquinhas de comida. Legal ter visto. Na volta vi um animado baile no meio da rua.

Quando as autoridades se foram, segui viagem. Sempre em direção ao sul.

Dendenzeiros – Palma africana

Alguns quilômetros depois avistei uma grande lavoura de palma africana. Desta planta se extrai nosso famoso azeite de dendê. Na porteira de entrada pude ver o selo europeu de produtos orgânicos. Entrei… não resisti… mas, sendo feriado, encontrei apenas um trabalhador, que não soube me contar muito. Mas vi a fábrica para extração do óleo. Certamente será exportado para Europa, espero que os ganhos desta iniciativa cheguem minimamente aos trabalhadores. Infelizmente as normas da agricultura orgânica não são suficientes para nos dar esta certeza.

Pedra do Cão Grande

Desta Fazenda pude ver a pedra do cão grande, tido como um local de interesse aqui na ilha. Desci para fotografar e, esse momento, troquei umas palavras com três brasileiros, dois deles Pastores Batistas, um dos quais havia vivido aqui por sete anos, como missionário. Convidaram-me para segui-los, de carro, para irmos juntos à praia piscina. Aceitei, mudei minha programação e fomos.

No caminho, passamos por Porto Alegre. Eu havia imaginado uma cidadezinha, mas na verdade é uma paupérrima aldeia de pescadores. A estrada até a praia é daquelas nas quais levamos três ou quatro minutos para percorrer um quilômetro. Achei bom ter encontrado essas companhias, pude me sentir mais seguro passando pela vila ou na praia onde só haviam alguns locais.

De fato a praia é lindíssima. Ficamos menos de uma hora e regressei. O aplicativo anunciou que eu demoraria duas horas para percorrer os sessenta quilômetros até o hotel… Praia piscina

Hoje, de manhã, o Carlos, meu anfitrião aqui, levou-me para visitar sua lavoura de pimenta do reino. Ficamos três horas pelo interior. Para começar, ele me levou para beber, junto com uns amigos da comunidade onde nasceu, vizinha ao hotel, o oinho de palma, uma bebida obtida a partir da fermentação da seiva de várias espécies de palmeiras e coqueiros. Tomei a que havia sido feita de manhã cedo, estava mais para um suco fermentado, com os dias torna-se uma bebida alcoólica.

Cacau

Não vou me estender, apenas dizer que foi uma experiência única andar pelas roças e conversar com o povo local. Eu não vi um branco durante a manhã toda. Sei que é óbvio, mas como não sei quem pode ler este post, devo lembrar isso, assim é na África negra. Deixo dito aqui, para eu recordar daqui há alguns anos, seu eu voltar a reler esse post, o elogio que ouvi: “Laércio é como nós, nem parece branco!”

Vi muita pimenta, cacau, fruta pão, banana, goiaba, mamão. E pela segunda vez na vida vi baunilha, um dos produtos agrícolas mais caros do mundo. 

Euzinho no restaurante

E ainda teria muito que descrever relativo ao meu almoço de hoje… mas vou abreviar. Fui no restaurante da Roça São João dos Angolares, do conhecido chef João Carlos Silva. Tem uma página no Facebook, caso alguém se interesse. Comi o menu degustação. Foram sete entradas, mais duas entradas para limpar o paladar. Depois, o prato principal – feijoada, que aqui em São Tomé é feita com peixe. Foi servida com arroz e batata doce assada. Duas sobremesas e café passado. Sabe este papo de experiência gastronômica? Pois foi o que vivi hoje. Não existe chance de esquecer este almoço. Comidas deliciosas, turbinadas pelo local, muito agradável e com uma decoração que não deixa você esquecer onde está. Para completar, a vista é  simplesmente deslumbrante.

O post ficou longo e deixei algumas boas coisas que vi sem contar… países como esse geram muito assunto… amanhã volto para a cidade, segunda e terça tem trabalho.

Outro ângulo da praia piscina

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